quarta-feira, 11 de abril de 2012

Primeira parte da entrevista de Manson sobre Born Villain.


Hoje eu estava ouvindo ao Born Villain e senti como se ele pintasse uma imagem bastante visual para o ouvinte. Para mim, ele é bastante ansioso e claustrofóbico às vezes. Era como se retratasse você em uma pequena sala arranhando contra as paredes – tentando escapar.

Eu gosto disso. Ninguém nunca havia mencionado isso antes, é uma perspectiva bastante única sobre o álbum. Eu amo cantar, e enquanto fazia [Born Villain], cantando para pessoas que conheço – seja pessoas que possam não ser velhas o bastante para ter sequer ouvido falar no meu primeiro álbum, para pessoas que sequer gostam da minha música, ou pessoas que são minhas melhores amigas ou para outros artistas – eu gosto de ouvir a opinião de todos. Eu nunca tinha ouvindo essa perspectiva antes, é muito boa.

Restrição cria o desejo de ter a necessidade, determinação, ou confiança para lidar com sua situação. É como um filme de zumbis, é como estar na prisão, é estar sendo preso com uma única escolha – sobreviver. É o que o álbum é. Foi me dado uma escolha. Quando eu comecei a fazer esse álbum, decidi que eu não gostava de quem eu era. Eu não queria ser quem eu costumava ser. Eu queria ser quem eu sabia que poderia ser – e foi um processo evolutivo. Mas a chave para isso é, se você fica estagnado, se você se torna algo que não se transforma – não há nada inspirador nisso. Você escolhe quem você quer ser na vida e precisa ser confiante e manter o instinto e não renunciar.

Sinto que chegou a um ponto nos meus dois últimos álbuns – não que eu esteja desacreditando na música que eu fiz, odiando-a, ou algo dessa natureza – apenas sinto que comecei a mudar a forma como escrevo por que queria me expandir. Eu estava em um lugar onde não conseguia compreender como lidar comigo mesmo. Eu, a pessoa – não como Marilyn Manson. Às vezes você não sabe como ser você mesmo, por que está confuso demais pelas circunstâncias em que está. Todo mundo passa por isso.

Percebi que comecei a escrever músicas para as pessoas se sentirem como eu me sentia, ao invés de apenas fazê-las sentirem alguma coisa. Essa não é a forma como deveria fazer as coisas. [Risos] Então, basicamente, eu estava fazendo música para fazer as pessoas sentirem merda, que em algum senso e com meu sarcasmo seria engraçado, mas essa não era minha intenção. Se estivesse fazendo isso de propósito… há partes desse novo álbum onde queria que as pessoas sentissem merda – onde uso sons que apenas os cães podem ouvir e humanos não podem, que fazem você sentir náuseas – apenas por que eu estava procurando interferir com as reações das pessoas, mas muito mais orquestrada pelo ponto de vista de um diretor – como alguém que queria contar um história, que queria contar as pessoas algo que elas sentisse uma reação vinda disso.

Isso me levou a despir minha vida completamente – deslocando-me para um lugar com chão preto e paredes brancas – guardando todas minhas coisas num depósito e levando apenas meus filmes, meus instrumentos, meu gato e percebendo, “Eu não preciso de mais nada. Tudo que preciso fazer é encher esse lugar de coisas”. Estou tentando levar as coisas de volta ao início. Eu não calculava assim, eu simplesmente precisava perceber que isso é a vida. Precisava perceber o que queria da vida. De repente percebi que eu era o único sentado desenhando meu primeiro flyer. Fui até ao Kinko, os imprimi, e coloquei pessoalmente nos carros e não tinha nenhuma música no momento.

Eu tive arrogância e confiança – não há uma linha tênue entre os dois, por que a arrogância, por vezes, é algo que acaba sendo tola e irá arruinar você. Tive a confiança e determinação para levar adiante algo e acabei por ter de fazer música para seguir com minha decisão. É exatamente o que acabei tendo que fazer nesse álbum.

Sabia que tinha que admitir para mim mesmo – é difícil dizer que você quer fazer um retorno, por que você está admitindo que não estava sendo quem deveria ser, mas sim o que você está supondo ser. Então é quase o mesmo que o início. Um retorno é quase o mesmo que um início virgem, onde ninguém conhece ou acredita no que você é e eu tiver que dizer isso em voz alta. Não tenho problema em dizer que este é meu retorno e quando decido algo, estou determinado a fazê-lo. Não tive esse tipo de energia e confiança, simplesmente por que precisava reconhecer isso.

Esse álbum irei sempre lembrar mais do que qualquer outro. Eles não eram memórias felizes o tempo todo. Tudo tem seus altos e baixos ou você não é um artista. Se tudo estiver feliz, então quem se importa, ou se é apenas uma linha reta, eu não vou dar a mínima também. Se for pra baixo, onde estava mais frequente, não é inspirador. Queria fazer algo que as pessoas sentissem algo. Toquei para pessoas que não eram meus amigos. Alguns deles nunca ouviram minha música antes, nunca gostaram da minha música, seja qual situação era… mas é um desafio e eu amo desafio. Tinha esquecido como eu amava um desafio.
fonte:http://www.manson.com.br/

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