terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Vai ser considerado o melhor trabalho de Marilyn Manson

A JORNADA DO VILÃO
Marilyn Manson está de volta. Destinado à Austrália com um novo álbum em vésperas de lançamento, o controverso shock rocker conversa com Joshua Kloke sobre encontrar o seu lugar num mundo que se movimenta depressa.

Para muitos, o nome Marilyn Manson é sinônimo de um tipo de glam metal raivoso, insidioso. O seu ‘output’ musical pretendia ser um meio de incitar a desconstrução de pilares da sociedade Americana moderna tais como o Cristianismo, a conformidade, e uma obsessão com violência. As suas digressões no final dos 1990 e início de 2000 foram casos explosivos, constantemente sujeitos ao protesto e resistência dos grupos políticos e religiosos conservadores, culminando na culpa com que foi servido pelo seu suposto papel na tragédia de Columbine em 1999. A dedicação de Manson em chocar e irritar os seus detratores também deu um saudável contributo ao seu sucesso no que respeita à venda de álbuns.

Ainda, o ano em que Manson possuía a habilidade de chocar baseado em apresentações ao vivo, figurinos e conteúdo lírico já passou. A Internet aumentou a popularidade após o tiroteio em Columbine e, eventualmente, a abordagem estranha de Manson foi substituída por milhões de cidadões dispostos a dizer ou fazer qualquer coisa por 15 minutos de fama.

A sociedade que então vilificara Manson tornou-se dessensibilizada. E uma década após o seu pico de popularidade, trazer o seu nome a uma conversa pode não incitar o reconhecimento imediato que uma vez teve. Agora com Born Villain, seu oitavo disco a caminho (e o primeiro sem o selo Interscope), Manson encontra-se em uma encruzilhada: seu ato de chocar ainda é relevante nos dias de hoje? E caso não, o que está se tornando Marilyn Manson?

“Muitas vezes, uma grande parte das pessoas, especialmente na América, não estão interessadas em encontrar algo mais profundo. Claro, às vezes eu gosto do jingle no anúncio. Mas no final do dia, quando vai dormir, você fica preso num momento em que se relembra de certas imagens, músicas, cheiros e sons que ficam consigo para sempre,” diz o extremamente conversador Manson, nascido Brian Hugh Warner, a partir da sua casa e estúdio em Los Angeles, onde construiu a maioria das fundações para o Born Villain.

“E isso é o que me permite ter uma atitude em que posso objetificar o fato de que as pessoas tratam aquilo que eu fiz como um produto, sem ficar chateado ou assumir isso de forma pessoal. Eu posso tratá-lo não como um produto, mas como algo que vem de mim. Ainda posso sentir-me feliz a fazê-lo. E também sei como adaptar-me ao que eu acredito ser um grande e novo ambiente. Muitas pessoas nunca ouviram a minha música; eu nunca entraria numa sala ou numa situação com a arrogância, ou melhor, ignorância de presumir que todos sabem o que fiz anteriormente. Quero tocar [Born Villain] para elas da mesma forma que elas fariam com o meu primeiro álbum, e fazê-las gostar dele pelas mesmas razões.”

À medida que, muitas vezes reclusivo, Manson fala, ele começa a se desfazer do exterior denso que apresentou no passado. Logo começa a falar abertamente sobre não apenas os seus medos acerca do seu lugar no mundo, mas de como ele iria ultrapassá-los em breve.

“Eu estava lutando muito para encontrar onde eu “encaixava” nesse mundo de mudanças. Como alguém que é contra tudo e, subitamente, se torna parte desse tudo. E nesse sentido Warhol, Salvador Dalí, eu estava apenas a tentar sair disso vivo.”

O que Manson escolheu fazer foi voltar ao básico, de uma forma que somente ele conseguiria.

“Para mim, não posso dizer que tenha sido simples, mas foi importante voltar atrás e não dar a mim próprio nenhuma outra opção,” continua o músico de 43 anos”.

“Limitações são algo bastante forte para qualquer artista ter. Mudei-me para um local e comecei a pintar, e apenas me permiti usar uma cor: preto, em papel branco. Começamos a fazer este álbum, e fizemo-lo com as limitações de rapidez e urgência. Não foi tanto uma improvisação como foi descobrir que quando você só tem um lápis e uma guitarra ou uma baqueta, é quase como reinventar a roda. E eu gosto de limitações. Elas funcionam comigo. Funcionaram no tempo em que eu não tinha nenhuma música, e podia apenas desenhar.”

Os álbuns de Manson sempre foram fáceis de compartimentalizar, mas para realmente questionar o homem por trás da loucura, ele revela lentamente a si mesmo como enganosamente auto-acautelado. Em 2012, Manson se ver menos paladino para uma causa e mais como um artista que finalmente voltou a entrar em contato com o que o empurrou a criar música sobre o apelido de Marilyn Manson & The Spooky Kids há 20 anos atrás.

“Eu queria fazer algo que, ao longo dos poucos álbuns passados, não começasse a se tornar menos passional, mas menos divertido pra mim. Mas arte sempre foi algo que trouxe algum cumprimento para mim. E ela havia começado a escapulir para longe”.

Com Born Villain, Manson retomou controle do que ele perdeu. Ele tirou um tempo, recusou-se a apressar o processo e permitiu que sua criatividade recém-

descoberta o levasse para onde ela pudesse levá-lo. A confecção de Born Villain, juntamente lançado sobre o próprio selo do Manson, Hell, etc e a Cooking Vinyl Records, foi também uma oportunidade para ele olhar para trás em seu tempo gasto como fantoche para uma grande gravadora. Entre as mudanças para sua carreira, é revigorante saber que ele ainda não perdeu sua habilidade de pintar um quadro de alguma situação com sagacidade, marca registrada dele.

“Aqui está uma referência profana, ou metáfora: se você está fazendo sexo oral com uma mulher e está pensando, ‘Uau, isso é maravilhoso! ’, e você só quer continuar a fazer aquilo. Mas então você pensa para si próprio: ‘Espera, as pessoas também me disseram que mostarda é ótimo’, portanto você põe mostarda só para mudar, e continua. Essas editoras adoram qualquer coisa, mas logo querem experimentar algo diferente porque toda a gente lhes diz o que fazer. Ficam com medo de gostar de algo “só porque sim”. Não é o artista, eles pensam, é a fórmula. Mas as pessoas identificam-se com algo que realmente as atinge”.

É esperança de Manson que Born Villain de fato venha a “atingir” os fãs [/a ventoinha], sem mostarda. Embora esteja pronto a reconhecer o passado, está mais satisfeito por seguir em frente. Chocar aqueles que o rodeiam não é uma preocupação, e ele duvida de que alguma vez tenha sido. Acontece que Manson, com a sua luta contínua para se manter honesto, pode ser mais relevante agora do que nunca.

“O que quer que eu tenha feito certamente nos trouxe até esta conversa. Sempre disse que eu nunca poderia ser chocante. E acredite ou não, disse isso quando comecei. Aquilo que você pode ser é confuso, e interessante. É uma forma de comunicação. Tudo isso aliado à determinação em fazer este álbum. Acho que vai ser considerado o melhor trabalho de Marilyn Manson. É o mais fiel àquilo que eu quis que ele fosse.”
fonte:http://www.manson.com.br/

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